quarta-feira, 31 de agosto de 2011

LER, ou não LER eis a questão!

Já se foi o tempo em que fazíamos Design com papel, régua e esquadros! Hoje precisamos de hardware e software sofisticados e caros, além de muito treinamento e prática para realmente dominá-los. O uso indiscriminado da informática tem dominado nosso trabalho, não sabemos mais traçar um quadrado sem o computador e temos tal dependência deles que os utilizamos no trabalho, durante as refeições, no transporte e nas viagens, até na nossa cama, ainda mais agora com as famigeradas redes sociais.
Mas afinal isso tudo é trabalho? É lazer? É vício? Ou é tudo junto? Nosso trabalho, especialmente se formos Designers, nos condiciona a sermos umbilicalmente ligados a estas máquinas, em todas as situações. Os hardwares rapidamente têm evoluído e têm exigido novas posturas, novos hábitos. A evolução dos equipamentos de informática (Desktops/Notebooks/Netbooks/iPads/Tablets/Smartphones e o que vier proximamente) em cada caso, exige um tipo de suporte diferente, de formas de trabalhar diferentes, e de arranjos e layouts diferentes, no posto de trabalho.  

Sempre almejamos estar na crista da onda. Preferimos trabalhar com o que há de mais novo. Entretanto nem sempre o mais novo é o mais adequado a cada tarefa. Vejamos, por exemplo, o uso dos Notebooks versus o uso dos desktops. Há uma preferência natural pelos primeiros, já que parece que os “desk” estão superados, o que é um erro brutal de avaliação. Em Design o longo tempo de elaboração de layouts, dos renderings, pesquisas ou apresentações pedem telas grandes, diversos meios de acesso (teclado separado, mouse, tablet e caneta, HDs externos, câmeras, scanners, etc).

Em um Notebook isto não é fácil. Um “Note” serve para trabalhos eventuais, algo que precise ser feito “in situ”, levado para casa ou em viagens, como numa apresentação, conferência ou palestra. O Notebook é das maquinas menos ergonômicas que existem e as longas horas de projeto e desenvolvimento necessitam de boa postura e boa performance, que só um bom Desktop em uma mesa adequada e com uma cadeira regulável pode proporcionar. Pagamos uma fortuna pelas nossas maquinas e softwares mas esquecemos que elas são tão importantes quanto o suporte onde serão apoiadas. 

O mobiliário que utilizamos, na maioria das vezes, não é adequado ás longas horas de trabalho em nossas sofisticadas maquinas. Especialmente porque nos contentamos com qualquer mesa ou qualquer cadeira, o que se constitui em um erro mortal! Já constatamos casos de estudantes de design com casos flagrantes de LER durante o seu curso, o que é um fato preocupante para as futuras gerações de profissionais que estão chegando a mercado. A LER, a Lesão por Efeito Repetitivo é uma doença degenerativa, sem cura e um típico subproduto do uso desenfreado da informática. Ele provoca a aposentadoria precoce de indivíduos e os incapacita para as atividades da vida diária, quase sempre permanentemente e com muito sofrimento. Isso sem falar em problemas de coluna ou de circulação, por longas horas de postura sentada. 
Evitar o LER é mais uma das preocupações que devemos adotar para garantir que nossa carreira de designer seja longa e sem percalços. Portanto devemos cuidar de nossa estação de trabalho da mesma forma com que cuidamos do que estamos projetando. O bom senso e o conhecimento de ergonomia são características do Designer, não esqueçam! 

Há porém alguns detalhes, que devem ser observados em toda e qualquer estação de trabalho: bordas arredondadas nos tampos, utilizar apoio de pulso para teclado e mouse, ter tomadas à mão e com os requisitos de segurança, ter possibilidade de uma boa acústica, o que é cada vez mais raro, uma boa rede” wireless”, sem necessidade de cabeamento. 
Ter boas cadeiras giratórias, com todas as regulagens e com assento e encosto separados mas “sempre” com braços (também reguláveis!), ter uma iluminação individualizada e regulável, ter alguma privacidade, o que nos novos ambientes é cada vez mais difícil, especialmente nas novas mesas plataforma, são alguns pontos a serem observados.

Antes de tudo, deve-se privilegiar a flexibilidade e a mobilidade do nosso mobiliário. Devemos procurar especificar, para nós mesmos, um mobiliário que assegure ao exercício da atividade do design longevidade e não usar apenas o critério do preço!

Design sem LER é poder! E por mais tempo!

Texto não publicado.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Design, Descaso, Desânimo.


 Não consigo compreender o descaso ou o desânimo em Designers. Por definição o designer deve estar sintonizado com a mudança, com o projeto, com o questionamento e a critica, contribuindo para um futuro melhor. A melhor definição que conheço é “Design: para viver melhor”. Nossa natureza faz com sejamos contribuintes mandatórios na modificação, para melhor, da situação existente e como tal temos uma responsabilidade com o pensamento critico sempre, porém positivo, proativo e propositivo. Projeto é proposta. Design é designo!

No assunto que nos aflige no momento que é a Regulamentação da Profissão de Designer não é isso que tenho presenciado. Infelizmente continuamos nos deparando com o descaso e o desânimo, com manifestações negativas e com a falta de engajamento dos colegas, especialmente dos mais graduados, mas também nas novas gerações, no sentido de que este projeto não irá adiante.

Ora, isso é possível, já que a derrota é sempre uma probabilidade em uma luta deste teor. Temos um histórico de incompetência nesta matéria. Insisto sempre em dizer que não somos ainda uma profissão plena, que a Regulamentação nos proporcionará, por culpa exclusivamente nossa. Nunca fomos conseqüentes o suficiente ao nos mobilizarmos e batalharmos até a vitória por nossa Regulamentação. Talvez por isso alguns não reconheçam a possibilidade de finalmente termos sucesso.

Mas o que acontece hoje? Temos pela primeira vez um projeto redigido por nós designers, aprovado por todas as associações profissionais e que foi apresentado por um político que respeitou sua redação e a nossa reivindicação. Temos um movimento estudantil organizado e com poder de mobilização único, com uma massa de graduandos especialmente interessados nesta matéria. Há um numero imenso de cursos colocando profissionais no mercado e que se beneficiarão deste projeto ao inseri-los em uma nova realidade profissional. Temos o potencial de ajudar o país a se perfilar melhor em termos de cultura visual e de um desenvolvimento econômico de qualidade, com nossas capacidades de projetar, o que quer que seja necessário, para melhorar nossas vidas.

Não dá mais para ouvir lamurias ou manifestações de descaso, de dúvida, de desânimo pelos anos corridos de fracasso em perseguir a Regulamentação. Temos finalmente uma nova oportunidade, com um projeto consistente, que terá que vencer resistências e reveses, ainda não totalmente percebíveis.Temos que projetar nossa expectativa de forma positiva e consciente.

Gente, por favor, esqueçam o passado, já aprendemos o que podíamos com ele. Vamos pensar em nosso projeto maior que é tornar nossa atividade uma profissão plena e de valor. Para isso temos todos que nos engajar no que sabemos fazer melhor: projetar algo positivo para a profissão e para o nosso futuro profissional.

Somente a Regulamentação nos valorizará!