Professora da ESDI de 1968 a 1972 Renina tinha formação de artista, e lecionou Meios e Métodos de Representação na Esdi. Era uma matéria similar, em vários aspectos, tanto ao curso fundamental da Bauhaus (o Vorkurs) quanto a uma disciplina do currículo atual da escola, “Introdução aos Elementos da Comunicação” . Sua prática pedagógica era marcada por uma densidade intelectual invulgar no trato das questões da linguagem visual. E era com empatia e generosidade (e um bom humor afiado) que ela partilhava seu conhecimento e sabedoria.
Nasceu em 1925, em Niterói. Filha de judeus poloneses iniciou sua trajetória artística nos anos1940. Aprendeu xilogravura em 1946 com o artista austríaco Axl Leskoschek. E entre 1947 e 1950 cursou a Escola Nacional de Belas Artes. Como também teve aulas com o gravador Carlos Oswald, e concluiu a licenciatura em desenho na
Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil.
Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil.
Em 1951 mudou-se para São Paulo. Lecionou no MASP Museu de Arte de São Paulo e, posteriormente, na FAAP Fundação Armando Álvares Penteado. Em 1956, publicou seu primeiro álbum de gravuras. Intitulado ‘Favela’, abordava o universo dos trabalhadores urbanos e das pessoas marginalizados, exprimindo suas preocupações sociais. A partir da segunda metade da década de 1950 começou a desenvolver em seu trabalho artístico uma poética não figurativa. E na década de 1970 iniciou sua prática com litografia, usando várias matrizes e cores para obter transparência e luminosidade. Bem mais tarde Renina abandonou a gravura, devido ao esforço que sua produção exigia. E a partir do ano 2000 abriu um novo front, realizando uma série surpreendente de aquarelas.
Em paralelo ao seu trabalho artístico ela concretizou práticas pedagógicas na área do projeto. Além do seu curso na Esdi, em 1965 ela tornou-se professora da FAU/USP Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Trabalhou durante 28 anos, e foi lá que ela conquistou seus títulos de mestre e doutora. “Sua dissertação de mestrado – ”Matrizes Modificadoras do Campo Plástico”, defendida em 1979 – teve o pioneirismo de demonstrar um raciocínio visual com uma série de serigrafias. E sua tese de doutorado –“Lugares”, defendida em 1982 – paradoxalmente foi um trabalho não-verbal. Era composta por 13 litografias sobre o tema ‘A Cidade’. E em um texto de apenas oito páginas apresentava o poema “Paisagem: Como se Faz?”, de Carlos Drummond de Andrade. A USP aprovou a tese com louvor!
Em 21 de janeiro de 2025, aos 99 anos faleceu a grande Renina Katz. Que deixa, tanto na arte brasileira quanto no ensino da arte, da arquitetura e do design no Brasil, as marcas do seu talento e do seu trabalho. Como artista e professora ela ensinou a perguntar, para fazer surgir a criação.
Washington Dias Lessa com a colaboração de Silvia Steinberg, ex-alunos da Esdi e amigos de Renina.
Os dois, já como professores da escola, ministraram a mesma disciplina que ela ministrou (Silvia primeiro, depois Washington). E na reforma curricular de 2019 a disciplina foi reformatada e rebatizada como ‘Introdução aos elementos de comunicação I