Tive o privilégio e o prazer de ter sido aluno, professor e diretor da ESDI, a Escola Superior de Desenho Industrial, filiada a UERJ, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Estive por um total de 51 anos nesta instituição, onde fui professor por 46 anos e por 14 anos exerci cargos, como diretor e coordenador de Campus.
Os primórdios
Nela me tornei um profissional do Design, onde me graduei na terceira turma, do primeiro curso superior de design da America Latina, em 1968. Passei um período fora do país, onde cursei dois mestrados em design que não conclui. O primeiro na UCLA, Universidade da Califórnia em Los Angeles e o segundo na HFBK em Braunschweig, na Alemanha, no inicio dos anos 70, onde também dei aula. Os dois foram resultado de contatos que fiz, ainda estudante na ESDI.
Na Alemanha tive oportunidade de trabalhar por três anos em um escritório de Design importante, onde fui visitado pela diretora da ESDI, na época, Dra. Carmen Portinho. Ela conheceu meu trabalho e me fez o convite a integrar o corpo docente da ESDI, no ano de 1974, antecipando a minha volta ao Brasil
Desde então exerci a função de professor em tempo parcial, pois queria sempre ter uma prática profissional em paralelo. Trabalhei em empresas diversas e nos anos 80 abri meu próprio escritório de prestação de serviços de design.
A prática da docência
Na minha pratica, como professor de projeto de produto, minha especialidade, tentamos sempre propor temas de projeto, com alguma relação com a realidade industrial ou social do país.Considero que como designers temos uma missão importante para nossa sociedade, que é difundir a noção de uma cultural material que respeitasse a realidade de cada época e as necessidade do país. Nem sempre isso funcionou, mas continuei tentando e aprendendo com nosso dia a dia.
Ao longo dos anos, propus projetos relacionados a uma situação real, oferecendo uma visão de projetos de média complexidade, com o objetivo de dar aos alunos experiência e confiança na sua capacidade de resolver problemas. Propusemos projetos os mais variados, entre os temas posso citar produtos em alumínio, equipamentos de informática e comunicação, até veículos e produtos para saúde. Com a colaboração de empresas tivemos interessantes temas como interior de aeronaves e interior de automóveis, em colaboração com empresas como a EMBRAER e com a GM. Todos foram bem aceitos pelos alunos, que se saíram muito bem nas soluções apresentas. Essa variedade foi proposital, com o objetivo de prepará-los para desafios maiores, além de demonstrar que tínhamos a capacidade de propor soluções adequadas ao nosso contexto social e econômico. Com isso tornar patente que não devemos depender de soluções importadas, muito comuns ainda hoje.
Fomos pioneiros em situações que continuam a fustigar nossa população até agora. Fizemos em 1999, um projeto de equipamentos para catástrofe. Nossos alunos em suas pesquisas detectaram a repetição continua de enchentes, como a catástrofe mais recorrente. Foi proposto este tema para todas as turmas de projeto, o que resultou em soluções as mais diversas,: desde ferramentas como a pá a botes slsvavidas, até aparelhos de localização por satélites.Fizemos uma exposição destes trabalhos e convidamos as autoridades responsáveis, tanto no âmbito municipal, estadual e federal, que não compareceram. Uma pena, pois isso só ajudou a desiludir o nosso formando do interesse de nossa elite da importância do design. Dei aula, principalmente em turmas mais avançadas, o que me permitiu formular propostas mais abrangentes de projeto, com resultados mais maduros, por parte dos alunos. Durante muito tempo fiz orientação de trabalhos de graduação, o que resultou em propostas interessantes e muitas vezes pioneiras, por parte dos orientandos. Temos na Biblioteca da ESDI, um acervo de projetos inovadores, orientados por mim e colegas docentes, que poderiam contribuir para a nossa sociedade, se aplicados. Alguns o foram, mas ha muita coisa ignorada e esquecida, infelizmente.
Assumindo a direção e as crises
Em 1991 fui convidado pelos meus colegas docentes a me candidatar à direção da ESDI, numa eleição de chapa única. Assumi em 1992, justamente no período que estávamos passando pela transição da manualística para a informática. Constituímos um laboratório de informática, mas com apenas 3 computadores que já estavam na unidade, e tivemos a primeira crise, das muitas que assolam a ESDI, desde sua fundação. Os computadores foram furtados depois de um mês de instalados. Ficamos um ano sem nenhuma maquina a disposição da professora recém contratada para a especialidade. Em paralelo estávamos com o prédio em péssimo estado, duas salas sem teto, que havia desmoronado, e um processo herdado de doação pelo governo federal, do terreno que ocupávamos, desde a fundação, à Academia Brasileira de Ciências, que nos cobrava a saída o quanto antes. A falta de verbas era uma constante e foi difícil superar estes e outros problemas.Com um pouco de sorte e de apoio da Reitoria da UERJ fomos superando pouco a pouco Os alunos e os docentes se mobilizaram e ao final do ano fizemos uma exposição de todos os trabalhos acadêmicos que atraiu um bom publico. Neste ano constituímos uma comissão de Pós Graduação que se reuniu durante estes anos e os subseqüentes mas que não conseguiu formular uma política ou mesmo uma proposta para efetivar, o que só veio a acontecer 12 anos depois. Em todas as nossas iniciativasdeste periodo tivemos apoio de nosso vice-diretor, o Prof. Frank Barral.
No ano seguinte comemoramos 30 anos de fundação e com o objetivo de tentar elevar a auto-estima de todos, inclusive a minha, fizermos uma grande exposição retrospectiva. Não tínhamos os registros da produção acadêmica dos anos anteriores e então decidimos convocar os ex-alunos para que mostrassem a sua produção. Isso funcionou de forma exemplar, com o envolvimento e entusiasmo de todos, alunos, docentes, funcionários,ex-alunos e patrocinadores. Ocupamos os 700 m² do prédio da Fundição Progresso, ali mesmo na Lapa, com uma exibição, nunca antes vista, das conseqüências da existência da ESDI. Um dos nossos docentes, Prof. Pedro Luiz Pereira de Souza, produziu logo após um livro justamente com esse título ESDI Conseqüências de uma idéia. Ela é até o momento a unica obra que retrata os momentos iniciais da evolução do ensino de design no Brasil. Tivemos muito sucesso de visitação, critica e reverberação com o publico em geral e com a imprensa. A ESDI passou a ser vista com outros olhos!
Neste período fomos eleitos para o Conselho Universitário da UERJ, o que nos permitiu estar mais próximo de nossa mantenedora, ajudando, mas também reivindicando maior apoio a nossa unidade. Aproximar-nos a UERJ era uma necessidade, pois sendo uma unidade afastada do Campus, isso nos trazia muitas dificuldades.Tenho a impressão que isso perdura até os dias de hoje.
Conseguimos melhorar muito a procura de candidatos, cuja relação com as vagas oferecidas no vestibular, passou a ser igual ou maior do que no curso de medicina. Continuamos a fazer exposições finais anuais dos trabalhos acadêmicos, com grande afluxo de público e de profissionais na busca de estagiários. Por iniciativa de outro docente, o Prof. Henrique Eppinghaus, foi criado um informativo semanal, o Sinal. Ele informava a alunos, candidatos e interessados cadastrados as noticias sobre o ESDI e o design em geral, com muito sucesso..
Para ampliar os horizontes de interesse de nossos alunos, foi criado o Programa ESDI Onze e Meia, onde a cada quinze dias convidávamos um expoente do design, da arte ou de assuntos do momento para uma palestra as Onze e Meia de uma Quinta feira, com mediação e organização do Prof. Amador Perez, sempre com grande sucesso entre os alunos.O titulo parafraseava um Programa de entrevistas na TV, de muito sucesso, conduzido pelo humorista Jô Soares.
A polêmica sobre o terreno continuou, não só por este período mas pelos anos seguintes, sendo resolvida somente em 2013. Reuniões infindáveis, a procura por outro local, e o desejo da UERJ em nos transferir para o Campus, até mesmo tentativas de despejo, foram uma ameaça constante por todos os nossos períodos na direção. Uma crise constante e continua!
Volta a docência e outras
Após a eleição de um substituto, continuamos a dar aulas, atividade que na verdade não tinha sido interrompida, e a enfrentar outros desafios. Durante nossa gestão na direção, a ESDI era sempre consultada com perguntas e questões sobre o design, sua história e possíveis dúvidas tanto dos profissionais, com de interessados individuais ou empresarias. Isso terminava nas mãos da direção que precisava se desdobrar em atender de um modo ou de outro.Decidimos então criar um setor que pudesse responder estas questões, manter cadastro de ex-alunos em dia, e atender a outras demandas que aparecessem. Foi criado então o CENTRO ESDI, um Centro de Informação em Design. No Rio de Janeiro não havia nenhum entidade que atendesse a esse assunto, o que ficou patente com o aumento de demanda à direção da ESDI. Tínhamos feito um pleito a Prefeitura do Rio para um patrocínio inicial, mas que não chegou a tempo, antes do final da gestão.
Após a eleição do novo diretor, este pleito foi finalmente atendido e o diretor eleito, Prof. Frank Barral me solicitou que assumisse a tarefa. Montamos uma sala, com os devidos equipamentos e pessoal e começamos a atender as solicitações. Chegamos a ter de 15 a 20 solicitações por semana, todas processadas e respondidas. Solicitavam-nos para elaborar editais de concursos de design, de consultoria e mesmo de participação em júris de concursos. Solicitavam-nos manuais de uso ou aplicação de resultados de concursos, bem como pesquisa de autores, de marcas ou mesmo pareceres sobre litígios de patentes . Recordo-me dos concursos para a marca do Programa de Despoluição da Baia de Guanabara, do Concurso para o Banco Central de elaboração das Novas Moedas do Real, e da Padronização do mobiliário urbano do Rio de Janeiro, pedido pela Prefeitura, como os principais, dentre outros.
Tivemos sucesso neste processo, mas surgiram divergências com o a diretoria sobre a continuidade desta proposta. Acreditavam que estávamos tendo visibilidade em demasia e nos desviando do processo de ensino. Após longas discussões foi decidido, pela direção, com apoio do corpo docente, pela não continuidade do CENTROESDI.
O design no Brasil começou a ter maior visibilidade e ter outros desenvolvimentos. Com envolvimento do governo federal e alguns estaduais, junto com federações de industria e do comércio. Foi criado pelo governo federal o Programa Brasileiro de Design, em 1996 e foi decretado o Dia Nacional do Designer também neste ano, a ser comemorado no dia 05 de novembro. O Brasil, com apoio de algumas entidades colocou sua candidatura para sediar o Congresso e a Assembléia do ICSID, o International Council of Societies of Industrial Design, previsto para o ano de 2001, a se realizar no Rio de Janeiro. A ESDI já era associada a esta entidade por uma iniciativa de nossa diretora anterior Dra. Carmen Portinho. Foi-nos solicitado que apoiássemos a candidatura e organizássemos uma caravana de participantes. Teríamos que defender como finalistas, a candidatura no Congresso e Assembléia a se realizar em Toronto, Canadá, em setembro de 1998. Conseguimos, com a ajuda e apoio do Prof. Gabriel Patrocínio, organizar esta participação, com apoio de professores, alguns poucos patrocinadores, da prefeitura e do Itamaraty, que resultou na presença de 29 participantes brasileiros na delegação. Foi a maior participação desde que o Brasil se fez representar nesta organização. O concorrente único era a Coréia, com uma delegação muito maior e com grande apoio de seu governo, e das principais empresas do país. Infelizmente não conseguimos êxito, mas deixamos uma boa impressão, mesmo com os poucos recursos que possuíamos, reconhecida por outros importantes delegados presentes a Assembléia.
Volta a direção
Ao final de 1999, meus colegas novamente me instaram a concorrer a direção da ESDI. Havia uma circunstancia nova, uma chapa concorrente já tinha se apresentado. Após muita insistência aceitei concorrer e na companhia do Prof. Gabriel Patrocinio, como vice-diretor, fomos eleitos, com pequena maioria. Claro que novas crises se apresentavam, além das anteriores. A novela com o terreno continuava e com grande pressão. Tínhamos que renovar nosso quadro docente, o programa de pós-graduação andava devagar e a ampliação da unidade era urgente. Para fazer frente ao problema do terreno, onde éramos acusados de não ter uso adequado para área, fizemos então um projeto experimental de ocupação do terreno e com nossa expansão. Com uma equipe, chefiada pelo nosso professor e ex-aluno, o Arquiteto José Mendes Ripper, elaborou-se um projeto bastante ousado, e que foi apresentado em forma de maquete e de plantas detalhadas. Tudo foi apoiado pela reitoria da época, que fez sondagens geológicas no terreno, proporcionado uma base de dados bastante realista das condições.Com sua ampla publicação reduziram-se as criticas as nossas pretensões. Infelizmente ele não conseguiu ser implantado, mesmo com a busca que fizemos de patrocinadores ou parceiros. A patente dúvida sobre a posse do terreno contribuía para isso.
Na parte acadêmica instituímos, a partir de 2000, um programa de intercambio com diversas escolas no exterior, com grande sucesso. Intercambiamos com Alemanha, França, Estados Unidos, Portugal, Israel, dentre outros. Enviávamos e recebíamos 7 a 9 alunos a cada ano, por um período de seis meses, cada vez. Conseguimos inclusive bolsas e patrocínio do DAAD, entidade de intercambio alemã. Com o inicio da política de cotas, nesse ano, o nosso alunado se democratizou e tivemos excelentes resultados com alguns deles em nosso programa de intercambio. Neste período instituímos ainda um programa de esclarecimento de alunos de segundo grau,sobre o design e a ESDI, realizado anualmente, intitulado ESDI Janelas Abertas. Isso para dar conta das solicitações de inúmeros colégios, que nos solicitavam palestras sobe o assunto, que eram impossíveis de atender individualmente. Como resultado teve a melhora na qualidade dos candidatos que entravam via vestibular, e como conseqüência menos desistências durante o curso. Uma idéia e iniciativa também do Prof. Henrique Eppinghaus
No corpo docente tivemos alguns professores que se retiraram e na sua reposição iniciamos a elaboração de concursos, pois agora havia a necessidade de termos docentes com titulação, já nos preparando para a pós-graduação. Muitos dos nossos já se titulavam mas o numero ainda era pequeno e isso não atendia as necessidades dos órgãos do governo ou da UERJ. Mesmo tendo alguns episódios conturbados, conseguimos aprovar alguns candidatos com estas características, integralizando o corpo docente. Infelizmente o programa de pós-graduação não conseguiu ser implantado neste período da minha gestão, o que somente ocorreu na gestão posterior. Conseguimos dar o primeiro titulo de Doutor Honoris Causa em Design da UERJ, ao Prof. Gui Bonsiepe, autor de livros e pesquisador da área. Isso não se repetiu, até agfora.
A ESDI sempre teve a sorte de ter um terreno amplo, que abrigava um estacionamento, que por conta da contribuição voluntária de seus usuários, permitia ter recursos disponíveis, o que inúmeras vezes nos salvou do colapso. Ao final de minha gestão, criamos a AEXDI, a Associação dos Professores, Ex-alunos e Amigos da ESDI, com o objetivo de gerir esses recursos e como forma de permitir firmar convênios e contratos com entidades, que nos procuravam para pesquisas ou projetos em conjunto. Isso conseguiu acontecer em gestões posteriores com empresas como J C Decaux, Microsoft, Motorola e outras. Criamos tambem uma incubadora de empresas que gerou bons empreendimentos.
Ao termino da gestão em 2004, voltei a somente dar aulas, especialmente o acompanhamento dos trabalhos de graduação e atender a alguns poucos clientes que ainda me restavam. Com essa dedicação integral à direção, fiquei com a minha lista de clientes prejudicada e no mercado a concorrência era mais acirrada que anteriormente. Passei então por um período difícil, nos anos seguintes. Mesmo com as dificuldades e da crise, na época, a ESDI continuou a ser referencia tanto a nível nacional como internacional.
A gestação e a gestão da arquitetura
Como a situação da economia e as condições sociais da cidade se mostravam cada vez mais adversas, nos anos seguintes, decidi me aposentar, pois já tinha superado as condições regulamentares para tal. Com o pedido encaminhado me mudei com minha família para Petrópolis, RJ e aguardei o seu desfecho. Ao final de 2013, recebi então um chamado do então diretor da ESDI, o Prof. Rodolfo Capeto, solicitando uma reunião com o Reitor da UERJ. Este me comunicou que a UERJ iria estabelecer uma nova unidade na cidade de Petrópolis com um curso de Arquitetura, filiado a ESDI. Ele declarou que gostaria que eu assumisse este novo desafio. Fiquei surpreso, mas pensei sobre o assunto e decidi aceitar a tarefa da coordenação do Campus. Inicialmente tive muito apoio da direção do Centro de Tecnologia, na pessoa da Proª Georgina Muniz. Foi uma oportunidade de iniciar algo do zero, já que a UERJ nunca teve curso de arquitetura, bem como ajudar na minha inserção no contexto de minha nova localização.Costumo brincar com o fato de que pela primeira vez um curso de arquitetura é organizado por um designer, já que dezenas de cursos de design foram organizados por arquitetos:
“A vingança dos Designers”!!!
Montei uma pequena equipe, com arquitetos que já eram docentes da UERJ, pesquisamos currículos, ouvimos consultores e organizamos a proposta do curso, que foi aprovado em tempo recorde, no Conselho Universitário. Divulgamos editais para concursos, com o cuidado de dar ênfase, sempre que possível, a candidatos que tivessem pratica comprovada. Isso nos custou bastante, já que o entendimento jurídico, do setor de concursos sempre privilegiou a titulação e a produção escrita e publicada.
Com os concursos realizados, tínhamos enfim uma excelente equipe, de professores titulados, admitidos exclusivamente para Petrópolis. Mas como sempre, cadê a crise? Ela acabou se estabelecendo com o local onde iríamos para funcionar. Foi nos designado um casarão pelo Governo do Estado que o adquiriu e doou a UERJ. Uma belíssima casa, do século XVIII onde morou o Barão do Rio Branco. Um imóvel tombado e que estava ocupado por outra entidade de ensino do estado. Foi difícil tomarmos posse da casa, já que esta entidade não tinha local para se mudar. Tentamos, com toda diplomacia possível, induzir e ajudar na mudança, mas ela demorou além da conta. Quando ela aconteceu estávamos a poucos dias de receber os primeiros calouros. O imóvel não estava em condições de ser utilizado, pois necessitava de restauro e lançamos mão de um anexo, que com pequena reforma cumpriu seu papel nos primeiros semestres.
A vinda da UERJ para Petrópolis tinha o apadrinhamento de um deputado estadual, que viria a ser candidato a prefeito, e depois eleito.O prefeito em exercício já se candidatara a reeleição. Na luta política que se estabeleceu, o prefeito em exercicio, começou a nos usar como elemento de ataque ao candidato rival. Usou o fato de termos um casarão necessitando de restauro e reforma, como fator de questionamento da iniciativa e posição de seu opositor. Começamos a aparecer nas paginas dos jornais locais como sendo uma entidade irresponsável, que colocava alunos e docentes em risco, pela precariedade de nossas instalações. Tivemos pais de alunos nos questionando, por causa destas matérias na imprensa. O Ministério Público instaurou um processo onde pedia a interdição de nossas instalações. Nada disso era verdade, mas como sempre acontece “publicou virou realidade”.
Por nossa sorte o deputado foi eleito prefeito, e com isso fomos alocados em um casarão onde o curso funciona até hoje. Montamos, mas com dificuldades, uma infra-estrutura de salas, laboratórios e biblioteca que pudesse atender as necessidades. Rapidamente, por força da competência de nosso corpo docente, fomos nos inserindo na comunidade, divulgando a produção dos alunos, assim como procurando executar projetos de interesse local. Em pouco tempo, formulamos um curso de Pós em Gestão de Restauro, que atraiu muitos interessados já formados e que nos deu legitimidade, além de graduar as primeiras turmas. Isso depois de dois anos de aulas “on line”, em função da pandemia, com a qual tivemos que conviver. O curso, agora um departamento da ESDI, a partir de 2016 já formou diversas turmas e tem ótimos resultados de desempenho acadêmico e de extensão. Está prestes a completar 10 anos de instituído. Alem de coordenador do Campus dei aulas na minha especialidade durante todo o período de minha atuação.Enfim, ao final de 2020 me aposentei por força da compulsaria e deixei de participar da ESDI.
Este relato é uma adaptação da apresentação feita na ESDI por ocasião da comemoração dos seus 60 anos de existência.
Freddy querido, fantástico depoimento do qual só conhecia parte. Não me surpreendi pois conheço sua capacidade de realização e o parabenizo por tudo isso. Você será sempre uma referência. Abraços amigo.
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