Quando a situação se
estabilizar voltaremos a uma “nova
normalidade”!?!?
Depois desta
quarentena, que temos apoiado integralmente, muitos almejarão retornar a uma proximidade maior,
mas terão receio ainda de contágio e propagação do vírus, já que não saberemos se o nosso interlocutor
teve, ou não teve o COVID. O que fazer então???Tudo isso dependerá dos novos e
futuros conhecimentos que teremos, ou tivermos sobre este vírus tão letal.
Decididamente não
voltaremos como “antes”! Teremos um novo “modelo”
.
Proposta divulgada para o retorno das aulas, em escolas da China. |
Porem a economia precisa
ser retomada, e o trabalho é que move a economia!
A primeira opção é
como ter proximidade e como manter o distanciamento. Nos
relacionamentos e isso terá que ser equacionado, especialmente no trabalho.
Já imaginaram se
tivermos que nos paramentar daqui para diante como os profissionais de saúde
estão se paramentando para podermos trabalhar??? Algumas profissões
provavelmente terão sim que se paramentar, mas isso não poderá ser para a
maioria.
O que nos resta? O
trabalho remoto. Teremos que exercitar uma nova experiência de trabalho a ser
ainda formulada. Cada um no seu canto, cada um na sua casa ou em novos
ambientes, agora distanciados, mas pensados para a nova era.
Tentaremos transmitir
aqui os aspectos relativos aos ambientes de trabalho específicos e de
uso mais geral. Sabemos que isso tudo atende a uma camada de usuários e não
é ainda nossa realidade universal, onde muitos não têm ainda acesso a internet
publica e gratuita, o que já passou a ser um divisor de águas em nossa
sociedade, especialmente a partir de agora.
O verdadeiro início do século está acontecendo!
Já estamos
preconizando o “home office” para todas as atividades de estudo, teóricas,
administrativas ou burocráticas. Claro que há atividades práticas que poderão
ser executadas no “home”, em casa! Mas onde, em casa, esta atividade se
dará?
Nem sempre temos um
escritório, um estúdio, um ambiente reservado para o trabalho. Não poderemos
trabalhar, por longos períodos, na mesa da sala, da copa, ou acocorocados no
sofá. São ambientes sociais, onde outras pessoas interagem e não pensados
para o trabalho. Isso pode e deve estar acontecendo hoje, mas não é uma
possibilidade para o futuro, muito menos para esta nova normalidade que
está por vir.
O isolamento que já
vivemos, com nossos “Headfones”, nossos computadores pessoais, tablets, Ipads vai
ser exacerbado daqui para diante, especialmente em ambientes familiares. As
crianças e adolescentes, com suas aulas remotas; a educação à distância, os
jogos e lazer; o pai ou a mãe, com seus trabalhos e empregos e eventuais
estudos ou os membros da família que forem empreendedores, todos se isolam
grande parte do dia. Mesmo os de terceira idade, que queiram se comunicar com
parentes ou com a realidade cada vez mais isolacionista que nos espera, por
um bom tempo. Todos serão usuários destes “hardwares” que nos manterão em rede,
com os “nós” de um metro e meio de distância! O trabalho em casa
vai necessitar de uma nova realidade doméstica e vai modificar a nossa relação funcional
e empresarial com o espaço de trabalho.
As empresas, com o
resultado da experiência atual, vão querer continuar a economizar em
espaços de trabalho. Muitos prédios de escritório perderão sua função ou serão
reduzidos ao mínimo, já que o trabalho remoto será bastante utilizado. Os que
restarem serão não só reduzidos e muito modificados. Se
continuarem provavelmente terão que mudar seu layout, mobiliário e
equipamento, o seu caráter.
Hoje em dia, já não há
mais armários ou arquivos, pois se guarda tudo na memória das máquinas ou na
nuvem. Haverá menos postos individuais de trabalho e mais mesas de reunião ou
de trabalho coletivo, como em parte já ocorre. Mas agora ao invés dos escritórios
panorâmicos, invenção dos anos 60/70, voltarão os espaços compartimentados,
com divisórias, mantendo uma “gestão da distância” criando os
possíveis isolamentos necessários. Precisaremos de mais locais com projeção e
mais câmeras para comunicação à distância. Tudo que acelerar a
produtividade deverá ser considerado.
Os que estiverem obrigados
a trabalhar nestes locais, formando equipes pedirão mais “facilities”
para o local; cantinas ou “coffeshops”; locais para descanso ou reuniões
informais, eventualmente vestiários e academias para exercícios ou relaxamento
e locais para abrigar bicicletas ou patinetes, em um novo meio de deslocamento.
Estas facilities servirão como atrativos e compensação para retirar
funcionários de suas casas, já que trabalhar remotamente ou de casa significara
maior liberdade, mas em um ambiente fechado põem em risco a segurança para
contágios.
Isso já vem sendo
preconizado em empresas mais avançadas e no exterior, mas isso deverá ser
adotado entre nós de forma mais abrangente. Locais para receber deliverys terão
que ser pensados. Já há opções “contact less” que poderão se generalizar. Comer
em restaurantes, com aglomerações será descartado por um bom tempo. Importantíssimo
serão as facilidades tecnológicas, como excelentes redes de comunicação, facilidades
de tele conferência, acesso a periféricos e suporte técnico, facilidades
digitais de todo tipo, eletricidade, iluminação, acústica, refrigeração ou
aquecimento, acesso a desinfecção, etc.
Um problema específico
é o do condicionamento de ar destes ambientes. Todos os sistemas deverão ser repensados,
ou substituídos, pois eles podem ser transmissores de contágio, ao longo de seu
uso, mesmo que sejam tomadas todas as precauções, hoje já difundidas.
O resultado final é
que vai haver, com certeza, uma re-significação espacial nos ambientes de
trabalho.
Claro que o mobiliário,
que terá que ser redesenhado, passará a ser um fator de conforto a ser
considerado. Mesas com ajustes de altura, para atender a ergonomias diferentes; dispositivos
de privacidade e acústica; disponibilidade de telas mais amplas, para tele
conferencias, do que as atuais dos laptops; cadeiras ativas, confortáveis e
ajustáveis, que já existem, mas deverão ser utilizadas de modo mais universal
do que atualmente, especialmente no que se refere a seu custo. Teremos
que replicar o “estar em casa” para tornar o escritório atrativo. Ajuda a
manter a eficiência mesmo á distância!
No âmbito doméstico
isso também se refletirá. A necessidade de mobiliário próprio para trabalho,
com os suportes adequados as novas necessidades, internet mais confiável, no-breaks
para falta de energia, suportes para câmeras e periféricos, isolamento acústico
variável, ou permanente, que permita privacidade acústica e visual junto a
outros familiares, além de tratar assuntos confidenciais, etc. Como haverá mais
tempo disponível isso exigirá eventualmente até um espaço próprio e isolado
para trabalho, um quarto ou as antigas dependências de empregada, semi isoladas
do ambiente doméstico. Deve-se considerar que este espaço possa, equipado,
ser utilizado por gerações diferentes e gêneros diferentes, em
horários diferentes, cada um com suas necessidades especiais (ergonomia, materiais,
suportes, etc.).
Não sei se os espaços
de “co-working” hoje disponíveis e bastante populares, continuarão a se
desenvolver como até aqui. O fenômeno das “startups” terá também uma
modificação e os espaços hoje utilizados, talvez tenham que se adaptar a esta
nova gestão da distância. As medidas de desinfecção serão também
decisivas no design de todos esses espaços, exigindo materiais e acabamentos resistentes,
que suportem este novo hábito, que vem sendo instalado entre nós.
Esta discussão entre escritório
panorâmico e o “home office” já vinha sendo travada, desde os anos
70, por planejadores e sociólogos, especialmente na Alemanha, com defensores em
ambos os lados. O aumento da população urbana, o distanciamento de casa para o
trabalho, os congestionamentos diários, a mobilidade requerida pelo
distanciamento, os fatores ambientais daí resultantes, forçaram a uma mudança
que vem sendo implantada, mas muito lentamente. Foi preciso o advento da informática
generalizada, primeiro e agora esta pandemia, para que ele realmente
fosse levado a sério e acelerasse sua implantação de vez.
A descentralização, a
economia no deslocamento, a necessidade de conforto familiar, além de tempo
para o lazer, cada vez mais necessário, pode nos indicar e conduzir a uma
profunda mudança nos nossos hábitos futuros. Isso, inclusive se refletira
no futuro desenho de nossas cidades. O ”retrofit” de prédios atuais
e a implosão de áreas ociosas inteiras, criando mais espaços de uso, podem ser resultados
que veremos acontecer. Haverá, certamente, uma grande modificação no nosso
meio ambiente construído, nestes próximos tempos.
Já há soluções
indicadoras para muitos destes assuntos: Mesas de trabalho adequadas ao uso
em residências, com acessórios componíveis, coisa que só encontrávamos em
sistemas de escritório, já estão disponíveis, assim como cadeiras ativas
de diversos modelos. Estes itens precisarão ser atualizados ou redesenhados com
detalhes ou acessórios advindos da nova realidade normal: armazenadores de
máscaras, suportes para álcool gel, porta luvas, etc. Sempre haverá um
aspecto a ser revisto com o passar do tempo. Flexibilidade e multi-funcionalidade
são aspectos que estão vindo à tona, novamente, para atender aos nossos novos anseios.
Há ainda outros
ambientes de trabalho remoto que precisam ser estudados, o das costureiras, dos
joalheiros, dos artesãos, dentistas e prestadores de serviços diversos, por
exemplo, só para citar alguns, que necessitam de itens muito específicos de
suporte. Mas isso deverá e poderá ser abordado em outra ocasião e em uma
discussão mais abrangente.
A “nova realidade” do trabalho e de seu ambiente ainda precisa ser
mais estudada!
Texto de palestra proferida "on line" para a UNIOESTE em 06/05/2020 a convite da Profª Luli Hata.
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