Os designers brasileiros tem uma história associativa de altos e baixos. Nossas associações tem muito baixa representatividade, desde seus primórdios. Quase simultaneamente ao surgimento dos primeiros cursos foi criada uma associação profissional e promocional com o objetivo de atender à necessidade corporativa dos designers. A ABDI Associação Brasileira de Desenho Industrial, estabelecida em São Paulo nos anos 60, mesmo com uma atuação intensa em seu inicio, ficou a desejar quanto a uma efetiva representatividade profissional. As associações que se seguiram também sofreram deste problema, desde a APDINS, as APDIs, a AND, bem como as até hoje existentes ADG e AEnD.
Por paradoxal que seja os estudantes tem tido um comportamento exemplar em termos de organização, especialmente com os NDesigns, Encontro Nacional dos Estudantes de Design que se realizam ininterruptamente desde 1990. É o evento itinerante da área com a maior longevidade realizado no país, sempre no mês de julho. Com a disseminação de mais de 500 escolas e cursos pelo país inteiro, os alunos se reúnem neste evento para participar de conferências, workshops, minicursos e exposições de trabalhos onde trocam suas experiências de aprendizado, em um numero de mais de 2000 participantes em média. Para organiza-lo foi criado um conselho o CONE, que se constituiu como uma associação estudantil, de representatividade nacional.
O curioso é que não há uma transferência deste envolvimento intenso dos estudantes, quando se tornam profissionais. Poucos se associam às associações existentes enfraquecendo assim a representatividade profissional,...infelizmente. Como as associações tem altos e baixos há sempre uma associação da vez, uma que funciona “melhor”do que as outras, atraindo assim o interesse de um grupo de profissionais que a ela se associam, relegando as outras a segundo plano. Tivemos desde os anos 80 o “reinado” da ADG Associação dos Designers Gráficos, o da AEnD Associação de Ensino de Design e agora temos o da ABEDESIGN Associação Brasileira das Empresas de Design. Além disto temos algumas associações menores e de âmbito restrito ou regionais, com por exemplo, a ADP Associação do Designers de Produto, a ApeDesign Associação Profissional dos Designers do Rio Grande do Sul, a ADEGRAF Associação dos Designers Gráficos do Distrito Federal, dentre outras. Todas padecem do mesmo problema, poucos sócios efetivamente participantes, pouca arrecadação e baixa atividade. Todas têm pouca ligação com os estudantes, que poderiam e deveriam ser seus futuros sócios, garantindo assim presença e representatividade junto a sociedade. Afinal nós designers existimos para servir a ela!
Isso precisa ser urgentemente revertido, com reflexos diretos na sobrevivência da profissão e dos profissionais. Uma organização forte e coesa do design pode render frutos à profissão nunca dantes imaginados. Além de, eventualmente, podermos reivindicar incentivos como carências ou redução de impostos, poderemos nos proteger quanto a uma eventual entrada de mão de obra vinda do exterior, já que há uma crise evidente cercando os países desenvolvidos. Ë possível que, com o desenvolvimento de nossa economia nos tornemos alvos de designers, vindos destes países ou mesmo de nossos “hermanos” vizinhos, tão talentosos quanto "nosotros".
Ainda teremos a questão do retorno para o associado. Esta é uma questão ainda por resolver, pois além da posição política as associações devem promover algum beneficio para atrair e manter seu quadro de associados estável. A ADG por muitos anos promoveu com sucesso as exposições bienais de design gráfico, o que nestes anos fazia crescer os seus associados adimplentes. Há outras ofertas possíveis e já tentadas, como planos de saúde, descontos em compras profissionais, publicações e aconselhamentos , assistência legal e jurídica, festas e comemorações, cadastros de profissionais e de portfólios, sem falar em sites e news letters de interesse específico e geral. Há vários casos de organização de concursos, endosso a eventos e interlocução governamental onde as associações têm promovido sua participação junto a sociedade e a classe.
Ainda temos essa pulverização entre associações especialistas e regionais ao invés de uma grande associação nacional. Sou da opinião que isso deve ser mantido por algum tempo, até a consolidação deste processo de fortalecimento. É melhor termos pequenas associações atuando de forma consistente do que uma grande associação com risco de sobrevivência por falta de associados. Nos outros países há uma tendência das associações especialistas se unirem, independente da área de atuação, o que vem acontecendo progressivamente também com as entidades mãe, ICSID, ICOGRADA e IFI, que já se utilizam de uma sede única, promovem congressos em conjunto e praticam um código de ética em comum.
Os designers brasileiros tem que se conscientizar que formam um corpo profissional, e que ao serem diplomados passam a fazer parte de uma classe que contribui para a melhoria da qualidade de vida do pais e de sua população. Essa classe precisa de respeitabilidade política, se fazer presente ante as instituições publicas ou privadas, especialmente neste momento em que temos um novo projeto de regulamentação em tramitação no Congresso.
Designers, unam-se, associem-se ou seremos tragados pelas circunstâncias, sem dó nem piedade!
É chavão mas ...“unidos jamais seremos vencidos!”
Texto não publicado
A proposta do LAD vem bem ao encontro dessas necessidades de união entre profissionais, professores e estudantes. Além disso, ao invés de ser mais uma associação, é um agregado onde as ideias do design serão compartilhadas e por isso mesmo, disseminadas e valorizadas. Nós faremos em todos os nossos eventos a promoção das associações que queiram nos apoiar e poderemos ser realmente o grande incentivador para a participação dos agentes interessados nas associações.
ResponderExcluirÉ uma ideia promissora e esperamos que todos se engagem nela... também...
Excelente post! Daqueles que nos motivam a ir em frente, driblar as dificuldades sócio-econômicas e seguir acreditando no Design.
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