Imaginem se ao frequentar o Dentista pela primeira vez ocorresse o seguinte diálogo por parte do Cliente: – “Gostei de seu preço e de suas referencias, mas estou com dificuldade em aceitar suas propostas. Por isso vou lhe pedir que faça a pontinha do meu molar esquerdo se eu gostar pago o valor cobrado e continuo com o tratamento.”
Ou se ao consultar um Advogado o
Cliente sugerisse: “Me faça a petição de divórcio. Se eu achar que está em
acordo com minhas expectativas lhe pago a petição e continuamos com o
processo.”
É possível isso acontecer com um
dentista?? Ou a um advogado?? Então porque isso acontece com os designers??? E
de forma muito freqüente, especialmente com clientes que nunca se utilizaram
dos serviços de um designer. É ver para crer!!!
Nossa profissão, em relação aos
clientes, tem algumas características muito peculiares e que ainda me causam
estranheza, mesmo depois de tantos anos de prática. O Designer tem uma atividade eminentemente
visual. Todo profissional possui um portfólio de trabalhos que ele exibe de
diversas formas. O mercado reconhece os projetos ou produtos dos designers mais
conhecidos. Isso não acontece com as profissões dos dentistas ou dos advogados.
Mostramos nossa produção em sites, revistas, reportagens, exposições e em
outras mídias. Somos conhecidos pelo que produzimos.
Ainda assim há um medo do risco de
contratar um designer, que mesmo com todas estas evidências me parece nada justificável. Contratamos dentistas ou advogados com bem menos referências e damos
a eles a confiança de nossas “bocas” ou nossas “causas" correndo assim
maiores riscos, do que em um projeto de
design.
A falta da cultura do Design em nossa
realidade, mesmo depois de 50 anos de implantação do Design em nosso pais, já
me fez ouvir absurdos como: “Preciso de um estagiário com grande experiência em
projetos de embalagem de papelão”. Ora onde encontraremos um “estagiário” com
grande experiência em qualquer coisa???
A “degustação” de um projeto de design
é quase tão danosa quanto a concorrência
especulativa, muito solicitada por empresários pouco afeitos ao Design.
Vemos tanta concorrência ou licitação sendo feita sem projeto, tanta improvisação na
solução de problemas públicos, mesmo os mais comuns e corriqueiros, que me passa
pela cabeça que o nosso problema é justamente aí: não sabemos o que é PROJETO!
Nosso passado colonial talvez seja
responsável por esta tendência tão comum, em nossa realidade, de que é na Corte
que se pensa e projeta.
A nós cabe apenas executar ou no
máximo copiar!!!
Texto não publicado.
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